terça-feira

A cobiça internacional da Amazônia e os perigos de um governo fragilizado

Lamentavelmente, dois fatores perigosos alinham-se para o Brasil: a escassez dos recursos naturais do planeta e a perda de credibilidade do governo brasileiro perante a comunidade internacional.

Os países ricos nunca esconderam sua cobiça sobre a última reserva natural do mundo: a Amazônia. Desde 1845 quando foi patenteado um processo de vulcanização da borracha de que a Amazônia era a única produtora, fato que daria origem ao ciclo da borracha, 1844 – 1912, que os EUA e nações europeias voltaram-se para a Amazônia.
Mesmo com a interrupção deste ciclo em 1912 pela concorrência da borracha plantada na Ásia com sementes contrabandeadas do nosso território em 1876 pelo inglês Wickman, as potências mundiais continuaram com sua cobiça, disfarçando este interesse com acusações de que o Brasil comete crime contra os interesses da humanidade. Acusações que perduram até o dia de hoje. Logo eles que queimaram suas florestas em suas revoluções industriais e exterminaram quase que por completo seus índios.
 Países como os EUA que tem como herói nacional Búfalo Bill que se vangloriava de ter matado milhares de índios, enquanto no Brasil, o Marechal Rondon tinha como lema em relação aos silvícolas o legado de “Morrer se preciso for, matar nunca”. Lideranças norte-americanas a partir de meados do século 19 passaram a advogar a abertura da Amazônia ao livre comércio, imigração e colonização.
 Observadores daquele governo como o tenente Mathew Maury em artigos de jornais e documentos endereçados aos seus superiores apresentava a Amazônia Brasileira como o paraíso das matérias-primas, área que aguardava raças fortes e decididas para a empresa de sua conquista científica e econômica. 
E concluía com a tese de que a Amazônia não poderia permanecer trancada à humanidade. O século 19 foi marcado por grande pressão norte-americana sobre a Amazônia, só sendo aliviada em decorrência de sua Guerra Civil. Em 1902, o próprio presidente Roosevelt participou ativamente do esforço de um consórcio internacional, o Bolivian Syndicate of New York, para apropriar-se da maior parte territorial do Acre, então objeto de litígio entre o Brasil e a Bolívia. Mais tarde, Roosevelt, fora do governo, visitou a Amazônia.
Hoje, é bem verdade que fatos estranhos acontecem, como o fechamento diário por 12 horas (das 18h às 6h) da BR-174 que que liga as capitais Manaus/AM e Boa Vista/RR, num trecho de 120 km na reserva indígena Waimiri Atroari. Entretanto, não é difícil encontrar lá, nestes horários, ou em outros locais, pessoas conduzindo veículos falando uma estranha língua que não é o português, muito menos outro qualquer idioma indígena local.
Também tem o fato de que plantas naturais da Amazônia, como o cupuaçu, a andiroba, a ayahuasca (Santo Daime) e a copaíba, foram patenteadas por empresas americanas, japonesas, francesas e inglesas. A exclusividade dos direitos de comercialização, em alguns casos, abrange o mundo todo.
Sobre o outro fator, a diminuição da diplomacia brasileira no cenário internacional é notória. Basta ver que somos a sexta economia global e não conseguimos concretizar uma aspiração de possuir um assento no Conselho de segurança da ONU. Somos conhecidos atualmente como “anões diplomáticos”. 
Até a Bolívia que no passado perdeu o Acre para o Brasil, agora nos faz de gato e sapato. Invade oficialmente propriedade brasileira legalmente adquirida em seu território e o governo brasileiro se omite. Nossa presidente abriu os trabalhos de 2014 da ONU com um discurso de diálogo com os terroristas do Estado Islâmico, os mesmos que decapitam agentes humanitários, crucificam cristãos e vendem meninas de 8, 9 anos das Vilas invadidas como escravas sexuais. 
Depois a presidente Dilma ainda reclama que o governo indonésio não atendeu seu pedido de clemência para o traficante brasileiro executado. Hoje o Brasil não é respeitado. Estamos na contramão da história e nos aliando com países como Cuba, Venezuela e Argentina, onde são crescentes os casos de violação dos princípios democráticos.
A corrupção governamental é outro fator que mina a nossa credibilidade internacional. Basta consultar os principais sites de notícias do mundo para constatar que diariamente surgem novos escândalos de corrupção no País envolvendo bilhões de dólares e membros do governo ou dos partidos políticos que o apoiam. Como acreditar que esses corruptos defenderiam os interesses do Brasil perante a cobiça internacional sobre a Amazônia? Vocês lembram-se da máfia dos sanguessugas? Esse pessoal não respeita nada, só os seus interesses pessoais.

Perante toda esta perda de confiança no mundo, como ficaria também para o Brasil o resultado de uma arbitragem internacional envolvendo algum litígio sobre a Amazônia? Essa e outras questões devem preocupar e muito a todos nós brasileiros. Nossa dimensão continental, incluída aí a Amazônia, foi fruto do sacrifício de gerações que nos antecederam e não nos é dado o direito de não preservá-la e entregá-la íntegra às nossas gerações futuras.
Quando servi na Amazônia, enquanto na ativa do Exército, tínhamos um lema que era inscrito no final de todos os documentos produzidos e exclamado patrioticamente em reuniões e formaturas e que, em minha opinião, deveria ser difundido e cultivado por toda a sociedade brasileira, pois defender e preservar a Amazônia não é privilégio dos militares, mas de todos nós que amamos a nossa pátria:

“A selva nos une, a Amazônia nos pertence”
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