domingo

Influência humana é principal causa do aquecimento global, reitera IPCC



Relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) mostra que a influência humana no clima é a principal causa do aquecimento global observado desde meados do século 20. O aumento das temperaturas é evidente e cada uma das últimas três décadas tem sido sucessivamente mais quente, informa o Sumário para os Formuladores de Políticas do Grupo de Trabalho 1 do IPCC.

“O relatório concluiu que a temperatura da atmosfera e dos oceanos se elevou, a quantidade de neve e de gelo diminuiu e que o nível do mar e de concentração de gases de efeito estufa aumentou”, destacou um dos coordenadores do documento, Qin Dahe.

Segundo o texto, há 95% de probabilidade de que mais da metade da elevação média da temperatura da Terra entre 1951 e 2010 tenham sido causadas pelo homem. Os gases de efeito estufa contribuíram para o aquecimento entre 0,5 e 1,3 graus Celsius (ºC) no período entre 1951 e 2010.

 “A continuada emissão de gases de efeito estufa vai causar mais aquecimento e mudanças climáticas. Limitar a mudança climática vai requerer substanciais e sustentadas reduções das emissões de gases de efeito estufa”, disse Thomas Stocker, outro coordenador do documento.

O relatório ressalta que, até o fim do século 21, há pelo menos 66% de chance de a temperatura global se elevar pelo menos 2ºC em comparação com o período entre 1850 e 1900. “A mudança na temperatura da superfície da Terra no final do século 21 pode exceder 1,5ºC no melhor cenário e, provavelmente, deve exceder 2ºC nos dois piores cenários”, disse Stocker. Na pior das possibilidades, a temperatura pode alcançar 4,8ºC até 2100.

Ele acrescentou que ondas de calor muito provavelmente vão ocorrer com mais frequência e devem durar mais tempo. “Com o aquecimento do planeta, esperamos ver regiões úmidas recebendo mais chuvas e regiões secas recebendo menos chuvas, apesar de existirem exceções”, disse o cientista.

O documento elaborado por 259 cientistas de 39 países apresentado em Estocolmo, na Suécia, mostrou que a elevação da temperatura dos oceanos até cem metros de profundidade pode variar entre 0,6ºC e 2ºC até 2100. Além disso, devido ao aumento do degelo dos glaciares, o nível do mar deve subir entre 26 a 55 centímetros considerando o melhor cenário e, entre 45 a 82 centímetros, no pior cenário. O gelo do Ártico pode diminuir até 94% durante o verão no hemisfério Norte até 2100.

“Com o aquecimento dos oceanos e a redução dos glaciares, o nível global dos mares vai continuar a subir, mas em um ritmo mais rápido do que experimentamos nos últimos 40 anos”, disse o pesquisador Qin Dahe.

O IPCC foi criado em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne milhares de cientistas de diversos países. Já foram publicados quatro relatórios. A divulgação completa do quinto documento, incluindo os trabalhos dos grupos 2 e 3, deverá ocorrer até 2014.

Por Ag. Brasil

sexta-feira

Contra o tráfico de animais


Neste domingo o país verá nascer a Campanha Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens. A iniciativa do Conselho Federal de Medicina Veterinária ganhará as ruas das capitais neste Dia de Conscientização. A duração será de um ano. O objetivo principal é conscientizar a sociedade para o combate ao tráfico de animais e impedir o avanço desse crime.

O presidente da Comissão Nacional de Animais Selvagens, Rogério Lange, disse, em entrevista à Agência Estado, que a finalidade da campanha "é despertar a opinião pública sobre os danos promovidos aos animais selvagens, o prejuízo que essa prática ilegal representa na redução da diversidade da fauna e o risco de doenças nas famílias que adotam animais selvagens como animais de estimação".

“As pessoas que têm animais de estimação de origem selvagem, têm porque gostam de animais, é um amor que causa um dano incomensurável, esse é o alerta que a gente quer fazer, é um amor madrasto que não deve seguir nesse rumo”, disse Rogério Lange.

Dados do último estudo feito em 2001 pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Selvagens (Renctas) apontam que 38 milhões são retirados da natureza todo ano, o equivalente a 400 animais por dia. Pior: 90% morrem antes mesmo de chegarem ao destino final. O estudo ressalta as péssimas condições impostas pelos traficantes a esses animais.

A Renctas salienta ainda as formas precárias de captura, o estresse a que são submetidos os animais, as más condições de alimentação e de transporte. Este semestre, em Brasília, foram apreendidos cerca de mil animais, quantidade quase 20% superior às ocorridas no mesmo período de 2012.

Além de reduzir e eliminar a quantidade de espécies da nossa fauna, o tráfico compromete o equilíbrio do ecossistema. Outra preocupação é com a saúde do homem, já que algumas doenças contagiosas são de origem animal.

A iniciativa ocorrerá em zoológicos, praças públicas e em parques. Médicos veterinários e zootecnistas esclarecerão a sociedade com distribuição de cartilhas para que as pessoas possam entender melhor o que significa o tráfico de animais. Um belo projeto!

quinta-feira

A degradação ambiental


Mais uma vez o mesmo tema. Repetitivo, mas ainda assim indispensável. E cabe também à imprensa não deixar de martelar em assuntos importantes até que comecem a ser tratados com a devida atenção pelas autoridades, sejam elas de quais esferas forem.

 Com relação ao meio ambiente, a situação continua crítica. O número de alertas sobre desmatamento e degradação da Floresta Amazônica aumentou em 35% entre agosto de 2012 e julho de 2013 na comparação com agosto de 2011 a julho de 2012. Conforme divulgou a Agência Brasil, as imagens de satélites usadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelo Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), mostraram que, entre agosto de 2012 e julho deste ano, as áreas possivelmente devastadas chegaram a 2.766 quilômetros quadrados ao passo que, entre agosto de 2011 e julho do ano passado, a devastação ocorreu em 2.051 quilômetros quadrados.

A explicação para o aumento se deve aos meses de agosto de 2012 com 522 quilômetros quadrados de área devastada e a maio deste ano, com 465 quilômetros quadrados devastados, em decorrência da degradação, que ocorre quando há remoção parcial da floresta por uso do fogo ou por corte seletivo de árvores.

Os dados do Deter incluem o corte raso, que configura o desmatamento ilegal e ocorre quando há a retirada completa da floresta nativa em uma área. “Tivemos um alerta de desmatamento causado pela intensificação do fogo em agosto de 2012”, disse o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Volney Zanardi Júnior.

O acréscimo em maio é justificado pelo fato de as nuvens terem se dissipado e, com isso, os satélites do Inpe puderam detectar a degradação dos meses anteriores.

O coordenador geral de Fiscalização Ambiental do Ibama, Jair Schmitt, informou que o aumento das áreas degradadas decorre das queimadas originadas por causas naturais e intencionais.

 “É um típico comportamento de reação à fiscalização. Ante a situação atual de monitoramento por satélite, o qual é praticamente diário, que se faz do corte raso e o aumento da fiscalização em campo, o infrator não se arrisca mais a fazer o corte raso imediatamente. Ele primeiro começa fazendo uma degradação pelo fogo. Mas o Ibama consegue interferir nesse processo antes que se converta em desmatamento ilegal”, disse.

A maior parte dos alertas identificados entre agosto do ano passado e julho deste ano representava corte raso (59%). A degradação por uso de fogo respondeu por 33% dos alertas na Amazônia Legal e por exploração florestal foi 3% dos alertas nesse período. Em 5% dos casos, as imagens apontaram um falso positivo, ou seja, algum problema técnico na captação das imagens. Mato Grosso, Pará, Rondônia e Amazonas são os estados com áreas mais críticas detectadas pelo Deter.

Os dados permitem que se deduza a falta de fiscalização. Ou ao menos fiscalização menor do que a demanda. Para o bem do país, o quadro precisa mudar.

Crescimento destrutivo



A Ciência Econômica “criou” um tipo de crescimento baseado no consumo destrutivo da natureza e, como resultado, nos entregou um “produto final” chamado aquecimento global - o sintoma mais claro da crise ambiental, resultado de um processo crescente de degradação entrópica da natureza (de matéria e energia) gerada pelo processo de produção industrial que destrói os ecossistemas produzindo emissões crescentes de gases de efeito estufa (GEE).
Atrelado a isso, tem-se que o processo econômico produz calor pelo consumo de natureza, que se degrada em calor tal qual descreve a lei da entropia. Assim, uma economia que entra acelerando na rota do crescimento contínuo produz mais calor que é aprisionado pelo efeito estufa, aquecendo a atmosfera, provocando na ponta final catástrofes ecológicas e a destruição socioambiental.
Estudos realizados mostram que nos últimos 160 anos a temperatura média da Terra sofreu uma elevação de 0,5ºC e, se persistir a atual taxa de poluição atmosférica (no mundo, a cada minuto, dez mil toneladas de dióxido de carbono são lançadas na atmosfera), prevê-se que entre os anos 2025 a 2050 a temperatura sofrerá um aumento de 2,5 a 5,5°C. As principais consequências seriam a alteração das paisagens vegetais, que caracterizam as diferentes regiões terrestres, e o derretimento das massas de gelo, provocando a elevação do nível do mar e o desaparecimento de inúmeras cidades e regiões litorâneas. Na Antártida, cerca de três mil quilômetros quadrados de geleiras viraram água entre 1998 e 1999. Dezenas de ilhas da Oceania, entre elas Fiji, Nauru, Tuvalu e Vanuatu, correm o risco de submergir com o aumento do nível dos oceanos. No Recife, capital de Pernambuco, o contorno da praia está encolhendo ano a ano.
O fato real é que para “custear” o crescimento econômico promove-se a destruição ecológica. Para fazer a economia se expandir, mina-se as bases de sustentabilidade destruindo os frágeis equilíbrios ecológicos dos quais depende a conservação dos ecossistemas e da própria vida. Isso explica o fato de a ciência econômica “dominar” o mundo através do automatismo do mercado, tratando a natureza como mero objeto de trabalho.
Lamentavelmente, o planeta não “gira” regido pelas leis do universo e da natureza, mas pelas ordens impostas no mercado global. Isso resulta que estamos submetidos a uma racionalidade de um poder concentrador da riqueza, gerador de desigualdades e insustentabilidade.
A economia neoclássica (a economia tradicional) não faz “força” para entender que a degradação ambiental não se deve a causas naturais; sua existência está relacionada às ações antrópicas. Não obstante, como bem apontou o economista mexicano Enrique Leff, “os tomadores de decisões continuam dando mais importância aos imperativos do crescimento econômico e à estabilidade macroeconômica nas políticas de desenvolvimento sustentável que aos estudos prospectivos sobre o risco ecológico e o desencadeamento do aquecimento global”.
Essa economia neoclássica não pode desconsiderar um fato primordial: a economia se alimenta da natureza; o processo econômico ao se “alimentar” de matéria e energia transforma esses recursos em calor, respeitando assim a segunda lei da termodinâmica (entropia). Com o avanço do processo econômico avança-se junto à concentração de GEE.
Até antes da Revolução Industrial essa concentração de gases de efeito estufa na atmosfera manteve-se abaixo dos 280 ppm (partículas por milhão). Atualmente, os níveis de CO2 na atmosfera equivalem a 430 ppm. O otimismo fica por conta do seguinte: se forem tomadas medidas a tempo, em 2050 poderá ocorrer um equilíbrio entre 450 e 550 ppm.
Até chegarmos lá, cabe pensar e repensar seriamente em “refundar” a economia sobre suas bases ecológicas ajustando os “mecanismos” da economia às leis da termodinâmica, fazendo com que a economia neoclássica deixe de negar a contribuição dos processos ecológicos para a produção e passe a “entender” definitivamente que o crescimento não é a solução, mas sim o problema.