segunda-feira

Reposição hormonal também em plantas


Quando se olha a história da evolução da ciência no mundo, percebe-se que sempre a prioridade número um foi conhecer o funcionamento do corpo humano (fisiologia). Num segundo momento, a investigação científica volta-se para o estudo dos animais domésticos. E, somente a partir do século XVX começam os estudos sobre a fisiologia vegetal.

Entretanto, os maiores avanços acontecem a partir de meados dos anos 1950, especialmente, com a descoberta da radioatividade e dos mais modernos equipamentos de análise de tecidos vegetais.

Há muitos anos, a medicina conhece a ação fisiológica dos hormônios no ser humano. Sabe-se que nosso crescimento (hormônios somatotróficos), capacidade reprodutiva e sexual (hormônios gonadotróficos, testosterona e progesterona), funcionamento de órgãos e até mesmo nosso humor, depende de hormônios. Uma pessoa estressada produz grandes quantidades de adrenalina, enquanto o bem estar depende da produção endógena de endorfinas, dopaminas e serotonina. De maneira geral, pode-se considerar que uma pessoa saudável tem equilíbrio nutricional e equilíbrio hormonal. Por isso toda a orientação de alimentação e exercícios físicos para produção normal desses hormônios.

Nos últimos anos essa área evoluiu extraordinariamente, com métodos de avaliação do estado hormonal. E, quando há desequilíbrios, os especialistas já indicam a reposição hormonal que é uma estratégia para aumentar a longevidade das pessoas com melhor qualidade de vida.
Nas plantas, todo o desenvolvimento também é regulado por hormônios, desde o nascimento da planta (germinação de sementes ou brotação de estacas, tubérculos, etc.), o crescimento, a reprodução, a produção (frutos, sementes, tubérculos, raízes, etc.) e o envelhecimento e morte é controlada também por hormônios.

Quando comemos um vegetal, como raízes, folhas, frutos ou grãos, na verdade, estamos ingerindo, além de glicídios, proteínas, sais minerais, vitaminas e uma infinidade de outros compostos orgânicos, também esses hormônios. Os hormônios promotores do desenvolvimento são os compostos denominados auxinas, citocininas e giberelinas, que atuam de forma conjunta ou isolada em todos os processos fisiológicos envolvidos com o desenvolvimento vegetal. A síntese desses hormônios é controlada pelos fatores ambientais (luz, temperatura, nutrição, disponibilidade de água, etc.).

Os grandes avanços da biotecnologia, como o desenvolvimento de modernos cultivares transgênicos, somente ocorreram a partir do momento em que foram conhecidos os hormônios promotores do crescimento vegetal e suas concentrações adequadas.

Entretanto, mais do que nos seres humanos e animais, as plantas são muito mais sujeitas aos estresses bióticos causados por pragas e patógenos ou por fatores abióticos como calor, frio, deficiência hídrica, raios ultravioleta, falta de oxigênio nas raízes (compactação ou encharcamento), deficiências nutricionais, dentre outros, a síntese de hormônios promotores é inibida. Então, há a produção de hormônios de estresses, como o etileno e o ácido abscísico (as “adrenalinas” vegetais). Isso causa os desequilíbrios hormonais, afetando o desenvolvimento vegetal. Há uma redução do crescimento de raízes e parte área, como a degradação da clorofila e proteínas, bem como a queda de folhas, flores e frutos. Dessa maneira há uma redução significativa do rendimento das culturas.

Nos últimos 30 anos a utilização de hormônios vegetais no manejo das culturas iniciou na Europa, especialmente, na produção de hortaliças, frutos e flores. A partir dos anos 2000, essas tecnologias passaram a ser utilizada também as culturas produtoras de grãos, inclusive no Brasil. Seu uso no tratamento de sementes ou na parte aérea, em estádios chaves do desenvolvimento, com grande freqüência tem estimulado o crescimento e o aumento do rendimento das culturas, quando utilizados os cultivares de maior potencial de rendimento e a utilização adequadas das demais práticas agrícolas atualmente disponíveis. Especialmente, quando ocorrem estresses nas culturas.

Como os estresses praticamente são incontroláveis pelos produtores, pode-se fazer uma “reposição hormonal” para evitar os efeitos inibidores do etileno e ácido abscísico.
É a natecnologia biológica chegando na agricultura brasileira


Por: por Elmar Luiz Floss.

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