quarta-feira

Aparelho ecologicamente correto combate plantas daninhas com eletricidade

No momento em que tanto se fala em sustentabilidade, um projeto de pesquisa financiado pela Fundect tem se destacado por sua proposta eficiente e ecologicamente correta no combate às plantas daninhas que invadem as lavouras: o Eletroherb.


Trata-se de um equipamento acoplado ao trator que eletrocuta as plantas invasoras por meio de descargas elétricas de alta tensão - entre 5.000 e 15.000 volts - podendo substituir completamente o uso de agrotóxicos e químicos nocivos ao meio ambiente e à saúde do homem. O gerador de energia elétrica do aparelho é impulsionado pela força do próprio trator.

"Nosso principal objetivo é oferecer ao mercado uma alternativa que evite a contaminação por herbicidas, num sentido bem amplo, que vai desde o manejo do trabalhador rural, ao solo, rios, e ao alimento que chega até a casa do consumidor", argumenta o coordenador do projeto, Sergio de Andrade Coutinho Filho*.

O Eletroherb

De acordo com o pesquisador, tudo começou na Eco 92, no Rio de Janeiro, onde foram discutidos meios de conciliar o desenvolvimento sócio-econômico com a conservação e proteção do meio ambiente. Nessa época, estudiosos na área afirmavam que seria possível evitar o uso de herbicidas nas lavouras e hoje isso já acontece, graças ao Eletroherb.

O Eletroherb pode ser utilizado em qualquer tipo de cultura agrícola, mas é mais comum naquelas com alto valor agregado, como é o caso da fruticultura, em plantações de alimentos orgânicos e de madeiras nobres, devido, principalmente à consciência ambiental de seus produtores.

Sergio explica, também, que é preciso um espaço significativo entre as linhas de plantio para que o trator possa de locomover, o que não acontece, por exemplo, no cultivo da soja, muito comum em Mato Grosso do Sul.

Para a aplicação do Eletroherb, o tamanho ideal das plantas daninhas deve estar entre 20 e 40 centímetros de altura. Os choques de alta voltagem que atingem a planta alteram sua estrutura de forma irreversível, fazendo com que ela perca a capacidade de absorção de água, oxigênio e nutrientes.

A planta morre já na primeira aplicação, mas dentro 60 dias, mais ou menos, novas plantas voltarão a nascer no mesmo lugar e então deve-se aguardar o crescimento das mesmas até a altura certa para reaplicar o Eletroherb.

A aplicação do aparelho se faz necessária de duas a três vezes ao ano, apresentando, assim, a mesma freqüência de aplicação do herbicida, porém, sem as consequências negativas à natureza.

Atualmente, o herbicida mais vendido no Brasil e no mundo é Glifosato, já que é muito mais barato e menos agressivo, dentre os demais. Mesmo assim, há indícios de que ele cause danos à saúde humana.

Para Sergio, a grande vantagem do equipamento sobre as formas convencionais de controle plantas daninhas é a preservação integral do meio ambiente: o método por eletrocussão do Eletroherb é uma solução ecologicamente correta na medida em que elimina o uso de produtos químicos, não deixa resíduo algum no solo, não polui os mananciais de água, não traz riscos de contaminação aos seres humanos ou aos animais, não gera problema de deriva e ainda mantém a cobertura orgânica sobre o solo.

Produção

A produção do Eletroherb é realizada pela equipe da empresa Sayyou. "Aqui, cada um ajuda um pouco. Cada aparelho é produzido após encomenda, não fabricamos em larga escala, pois ainda somos uma empresa muito pequena; nem investimos um centavo sequer em marketing, já que os próprios produtores rurais fazem essa propaganda, boca a boca, após perceberem a eficiência do aparelho", afirma o pesquisador.

Cada Eletroherb é vendido atualmente por 140 mil reais. Só este ano foram vendidos quatro aparelhos e até meados de 2014 há uma previsão de mais 30 vendas.

Apoio financeiro

Para Sergio, o apoio da Fundect e do Sebrae, por meio do Edital PAPPE, foi fundamental para o desenvolvimento de melhorias no aparelho, como por exemplo o mecanismo de contato com as plantas, que hoje está bem mais forte e resistente que o anterior.

Outra melhoria se deu com o controle remoto hoje bem mais compacto, sem fio e com sensor de presença o que facilita o uso do trabalhador rural e barateia o custo.

"Estamos muito entusiasmados com os resultados que o Eletroherb tem alcançado nas lavouras do Brasil, assim como o consequente sucesso nas vendas. Essa tecnologia pode substituir oito bilhões de litros de herbicidas e venenos colocados no meio ambiente todos os anos", conclui o pesquisador.

Fonte: Fundect.

sexta-feira

Alimentos transgênicos

Os alimentos transgênicos envolvem uma discussão profunda e dividida não só nos meios científicos como nos cidadãos comuns do mundo todo. Os transgênicos são, basicamente, organismos geneticamente modificados e frutos da biotecnologia. Por meio desta técnica, genes são retirados de uma espécie animal ou vegetal e inseridos em outras.

 Quebra-se a cadeia de DNA em certos locais, onde são inseridos segmentos de outros organismos; em seguida, costura-se novamente a sequência restabelecendo uma cadeia modificada. Com esta técnica são criadas formas de animais e vegetais que jamais ocorreriam normalmente na natureza. Ela também pode gerar inúmeros problemas, pois o lugar onde o gene é inserido não pode ser controlado completamente e poderemos ter resultados inesperados.

 Também não existem sistemas para avaliar os efeitos dos transgênicos nas próximas gerações e no meio ambiente e por esta razão é que muitos países não permitem que sejam produzidos ou comercializados em seus domínios. Alguns outros países, entre eles os Estados Unidos, Canadá, Argentina e o Brasil, continuam a aprovar o cultivo e distribuição destes alimentos, mas na maioria dos casos, essas decisões foram baseadas em laudos fornecidos pelas próprias empresas produtoras, o que é um absurdo.

 Na Europa, onde existe um critério mais rigoroso, não só o plantio, mas também a comercialização, não são permitidas em muitas regiões, pois não se consegue assegurar padrões de segurança à saúde humana e o meio ambiente. Algumas empresas que comercializam transgênicos no Brasil são também produtoras de inseticidas, herbicidas, fungicidas e todos os tipos de venenos.

Uma das maiores do mundo é a Monsanto, que produziu na década de 40 e 50 os famosos PCBs (bifenilos policlorados), conhecidos como Ascarel, que foram largamente utilizados pela indústria. Anos mais tarde ficou provado que esses produtos provocam câncer e estão relacionados a transtornos reprodutivos e imunológicos.

 Hoje, o Ascarel é proibido no mundo todo, mas ninguém sabe o que fazer com milhões de toneladas deste produto tóxico estocados no planeta. Um dos venenos mais comercializados pela Monsanto é o “Roundup”, que tem como princípio ativo o Glifosato. Aqui no Brasil, a propaganda do produtor é tanta que chega a ser chamado de “o bom veneno” entre vários agricultores.

Já na França, em 2009, foi publicada uma pesquisa por um bioquímico da Universidade de Caen, que evidenciou este produto como provocador de alergias, necroses e degradações do DNA, em especial nas mulheres grávidas. A soja transgênica “Roundup Ready”, largamente utilizada no Brasil, foi desenvolvida para ser utilizada junto ao herbicida Roundup, sendo que ambos são produzidos pela mesma empresa.

 O Brasil já é o segundo maior produtor de transgênicos do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e o mais trágico dessa situação é que já não temos uma opção de evitá-los e perdemos completamente nossa liberdade de escolha.

Comemos venenos, respiramos venenos e estamos trocando nossa saúde e comprometendo o futuro das próximas gerações pela ganância de maiores colheitas.

 Por: Célio Pezza

domingo

Dia da Natureza e dos animais


Vivemos no último dia 4, a data simbólica dedicada à natureza e ao Dia Internacional dos Animais. Bonito no calendário, mas o que realmente o homem está fazendo pela preservação do meio-ambiente e pela defesa da sua fauna? Os noticiários nos mostram, diariamente, que mesmo sabendo que a água potável é vital para a nossa existência é finito e que, segundo estudos, começa a entrar no sistema de esgotamento, o ser humano continua poluindo rios, envenenando as espécies marinhas e, com isso, também o esgotamento do suprimento dessa cadeia alimentar. 

Se não bastasse isso, continuamos sujando a terra, desmatando florestas e mudando toda sistemática natural da atmosfera que nos envolve, pela total falta de consciência de que seremos - ou já estamos sendo - as próprias vítimas dos graves erros que cometemos, colocando em cheque o futuro de nossos filhos, netos e das gerações que se seguirão. Infelizmente, a ganância pela riqueza e poder faz com que cada vez mais governos - especialmente dos países mais desenvolvidos - esqueçam que na exploração sem planejamento de sustentabilidade das matas, da terra, dos mares e do subsolo, o planeta começa a entrar em agonia. Em nome desse crime, vale no entanto, o exercício do poder sobre os povos mais humildes, de países subdesenvolvidos que, em alguns pontos do mundo, perecem pela fome, pela desnutrição, pela sede e por moléstias que poderiam ser evitadas se houvesse conscientização da necessidade do viver realmente, numa "aldeia global", com primazia ao espírito de confraternização e, jamais, do incentivo a conflitos que se espalham pelos quatro cantos do mundo, com utilização de guerras químicas e outros artefatos, que oferecem bilhões de dólares e outras moedas a grupos industriais, construtores de material bélico, capazes de aniquilar a fertilidade do solo e decretar a morte dos mares e rios.

 O que estamos realmente fazendo em defesa dos animais, entre os quais um grande número já relacionados como em fase de extinção? O homem, como maior predador, invade florestas para buscar ninhos sobre árvores, tirando filhotes de aves para comércio criminoso; explode o solo para retirada, sem limites, de pedras preciosas; joga mercúrio sobre rios, na busca de ouro; constrói indústrias altamente poluidoras, cujos dejetos são jogados, sem maior tratamento, nos rios, tornando o líquido impróprio para o consumo; industrializam produtos tóxicos que são comercializados como apoio à agricultura, muito embora, em pouco tempo essa mesma terra chegue ao esgotamento e nada possa produzir e jogam, sem planejamento, redes ao mar para capturar matrizes e peixes juvenis que, muitas vezes, são devolvidos mortos ao mar, matando o alimento do amanhã.

 Infelizmente, tudo isso acontece diariamente, mas a insensibilidade do homem, movido pela ganância, faz com que o pensamento esqueça o futuro deste planeta chamado terra. 

Por Moacir Rodrigues

terça-feira

Água para todos: uma meta para o milênio


No primeiro semestre de 2012, tivemos a notícia que o mundo alcançou antes do prazo a meta de reduzir pela metade a quantidade de pessoas sem acesso à água potável. O resultado foi divulgado pelo relatório "Progressos sobre Água Potável e Saneamento 2012", publicado em parceria pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Unicef. Ampliar este número até 2015 era um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), traçado pelas Nações Unidas.

 Conforme a pesquisa apresentada, na última década mais de dois bilhões de pessoas conseguiram acesso a fontes de água potável. Ao final de 2010, 89% da população mundial, 6,1 bilhões de homens e mulheres, haviam alcançado este direito. Apesar dos índices positivos, vemos também que 783 milhões de humanos ainda estão fora desta porcentagem. E ainda mais alarmante é a disparidade entre países e classes sociais.

 Na América Latina, 90% das pessoas têm acesso a fontes melhoradas de abastecimento de água, 31% a mais do que na África Subsaariana. O grande desafio encontrado é garantir água de qualidade às regiões mais pobres e aos menos favorecidos. No Rio Grande do Sul, temos um cenário positivo, com 98% da população urbana abastecida por água tratada de qualidade. Além de uma extensa cobertura, possuímos a dádiva de contar com um precioso patrimônio da humanidade no nosso subterrâneo, o Aquífero Guarani. Porém ainda assim, nos deparamos com as zonas mais necessitadas sofrendo com a falta deste bem. 

Na primeira semana de outubro, nosso Estado terá a oportunidade de debater estas importantes questões. Do dia 29 de setembro a 06 de outubro, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes-RS), com o apoio de mais de 800 entidades, realiza a Semana Interamericana da Água. O objetivo do movimento, realizado em diversos municípios gaúchos, é justamente conscientizar a população para a forma como nós gerimos os recursos hídricos disponíveis. Neste período, proponho uma reflexão sobre nossa relação com a água. 

Quais as atitudes que tomaremos para tornar o acesso à água potável universal? Como indivíduos podemos implementar atitudes responsáveis, como evitar o desperdício e contribuir com a destinação correta de nossos resíduos. Como poder público, devemos garantir políticas permanentes de investimentos e práticas sustentáveis. Como sociedade, necessitamos defender que o controle da água não seja submetido aos interesses do capital. 

A gestão deste bem está diretamente relacionada ao exercício da cidadania, e a sobrevivência da humanidade no planeta.

 Por: Arnaldo Dutra.