Atualmente vivemos em uma sociedade por vezes considerada ambivalente, sob a análise dos mais renomados pensadores contemporâneos ou pós-modernos. Algumas pessoas tentam de maneira frustrada coadunar o pensamento de proteção do ambiente e, aqui compreendidos todos os seres vivos, com práticas reiteradamente consideradas objeto de reprovação por parcela majoritária da sociedade atual. Aqui especificamente trataremos das práticas chamadas muitas vezes de tradição ou pasmem, Cultura por alguns não menos importantes personagens de nossa vida cotidiana. E, então afinal que prática é essa?
O debate que se pretende nesse ensaio é acerca das constantes agressões que seres vivos sofrem em nome de Pseudo-tradições, que em verdade se refletem em práticas primitivas e não históricas, que não podem ser recepcionadas por qualquer sociedade considerada civilizada e, muito menos por aqueles que pretendem alcançar a condição de sociedade ambiental. Os exemplos são muitos, dessa forma, neste texto não há espaço suficiente para pormenorizar cada conduta granjeada de um sentimento de desprezo pela vida do outro ser. Todavia, é necessário, com vistas à melhor esclarecer e promover o debate em torno do tema, se utilizar de exemplos que a todo o momento são encontrados nos noticiários, como as touradas, rinhas de cães e galos e, a tão combatida pelos grupos ambientalistas, farra do boi.
Os defensores dessas práticas argumentam em sua maioria que se trata de tradições de décadas ou até mesmo séculos e que o sofrimento impingido aos animais é controlado ou até mesmo inexistente, mas é notório que por menor que seja a parcela de dor que aquele ser vivo está sofrendo não se justifica para a mera diversão de um grupo de pessoas. Tradições são e devem ser respeitadas, porém não podemos incorrer em erros que nossos antepassados incidiam por sua ignorância ou desconhecimento, fruto latente dos seus estágios de evolução.
Nossa sociedade pôde analisar de maneira detalhada o passado, pois evoluímos muito nas últimas décadas, o que nos garante uma condição ainda mais privilegiada em relação aos demais animais que nos cercam. E, então qual o motivo da repetição de comportamentos que não coadunam com nosso estágio evolutivo? Um grande exemplo de adaptação foram alguns rodeios que por intervenção do Poder Público passaram a não se utilizar de meios que possam ferir ou causar sofrimentos aos animais. Dessa forma, vê-se preservadas as tradições, afinal, cultura não é caracterizada por práticas violentas e ignóbeis, mas têm sentido e significado em síntese de cuidar ou ter cuidado. Este cuidado se reflete em nossas atitudes com todos os seres vivos, mesmo que outrora tenham sido objetalizados.
De certo é que podemos acompanhar incessantemente que nas mais diversas espécies animais o comprometimento e o afeto com os humanos são notáveis e, são igualmente comuns os atos de heroísmo em defesa do seu amigo humano, mas por mais comum que sejam essas condutas, muitas pessoas negam e pensam que os animais são meras coisas das quais podemos nos servir quando necessário, inclusive para diversão torpe e fútil. Esse é apenas o começo de um grande debate, pois nossa sociedade também é responsável por práticas tão ou mais abjetas que as pseudo-tradições, tudo em nome da economia, da moda, da beleza ou simplesmente do status. Porém esse é campo para outras discussões, mas o que fica é a reflexão de uma dignidade da vida e não apenas do ser humano. Uma dignidade ambiental para uma sociedade ambiental.
Por: Carlos Alexandre Michaello Marques.
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