Os ecologistas já tinham avisado: o
desastre está próximo. Este foi o motivo pelo qual os tachamos de “ecochatos”,
porque vivem repetindo a mesma coisa que nós, em toda a nossa “sabedoria”,
tínhamos certeza de que não iria acontecer. Mas aconteceu: a utilização
desordenada das encostas dos morros, das áreas de banhados e o assoreamento dos
rios completaram a química necessária para que a natureza, desequilibrada,
cobrasse alto pelo seu longo silêncio e fizesse muitas vítimas.
Os deslizamentos causados pela ação da chuva sobre espaços devastados resultam de ocupações desordenadas e áreas mal usadas, que o poder público deveria preservar. Por muitos motivos, especialmente econômicos e políticos, são toleradas e, depois, paga-se com a destruição do próprio e pouco patrimônio que as pessoas têm, quando não com a vida.
Aumentar o cimento e o asfalto sobre áreas urbanas retira a capacidade do solo de servir de “esponja” para as grandes precipitações de chuvas. Não podendo ser absorvidas, acabarão se transformando em pequenos rios caudalosos pelas ruas, causando destruição e todos os transtornos que vimos nas imagens da televisão.
O avanço da agricultura e da urbanização até as áreas próximas aos rios retirou as matas ciliares e a proteção das encostas. Resultado: deslizamento de terra, empurrada pelas chuvas para seus leitos, que se tornam menos profundos, conseqüentemente, alargando seu canal e ocupando áreas de produção ou de moradia, normalmente, de populações pobres.
Não é uma desgraça anunciada? Sempre julgamos que todos os benefícios poderiam ser tomados da natureza sem que esta nos causasse danos maiores. O que assistimos em todo Território Nacional, seguidamente, não é um sinal esporádico, um fenômeno localizado, pois está acontecendo em todo o Planeta.
A natureza, descontrolada por um
histórico de abusos, tem mostrado a sua fragilidade e a necessidade de que se
repense a relação predadora que construímos.
O uso abusivo de recursos e a poluição desenfreada, com suas conseqüências, alertam: ninguém está livre de sofrer pelas feridas que impusemos ao planeta! O preço da desgraça é a consciência que precisamos ter de que nada é eterno em recursos naturais e eles têm ciclos a serem respeitados.
Abusamos da sorte e estamos pagando.
Deve haver uma forma de pedir desculpas à mãe Terra e tratá-la melhor. Só nos
resta fazer isto, pois não temos alternativa.
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