Em uma justa homenagem a um grupo animal dos mais diversos, menos conhecidos e mais mal compreendidos do planeta, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA/ UNEP) elegeu 2011-2012 como o Ano Internacional do Morcego.
Presentes na Terra há pelo menos 50 milhões de anos, os morcegos estão em todos os continentes, exceto nas regiões polares, e apresentam alta diversidade de cores, tamanhos, hábitos alimentares e no tipo de abrigos que utilizam. A menor espécie de morcego, restrita à Tailândia, pesa pouco mais de 3 gramas e é um dos menores mamíferos do mundo, enquanto a maior espécie, encontrada na Indonésia, pode ultrapassar um quilo e meio, alcançando 1,7 m de envergadura.
Esta grande diversidade aumenta a importância ecológica dos morcegos, pois eles interagem com milhares de outras espécies animais e vegetais. Morcegos são importantes polinizadores de flores, dispersores de sementes e predadores de insetos assim como de outros animais, vertebrados ou invertebrados.
Várias espécies com as quais os morcegos interagem têm importância econômica e, de graça, eles prestam serviços ambientais que, se cobrados, custariam uma fortuna para nós humanos. Numa única noite, algumas espécies de morcegos podem dispersar mais de 60 mil sementes, enquanto outras conseguem comer mais que seis vezes o seu próprio peso em insetos, tendo um importante papel no controle de algumas pragas agrícolas e de insetos de importância na saúde pública.
São as sementes dispersadas por morcegos que ajudam no processo de recuperação de áreas desmatadas ou na regeneração da vegetação de morros e encostas. E se você já comeu pequi ou tomou uma marguerita, agradeça também aos morcegos, pois os dois produtos dependem de alguma forma da participação destes animais para existirem.
Hoje são conhecidas cerca de 1230 espécies de morcegos em todo o mundo, o que equivale dizer que eles respondem por cerca de uma em cada quatro espécies de mamíferos. Com cerca de170 espécies descritas, o Brasil ocupa o segundo lugar em riqueza de espécies no mundo, ficando atrás apenas da Colômbia. No entanto, conhecemos ainda muito pouco dos nossos morcegos.
Menos de 10% da área total do Brasil já foi bem estudada para morcegos e 60% do país ainda não tem sequer um único registro científico de uma espécie de morcego. No ritmo atual das pesquisas brasileiras serão necessários mais 200 anos antes que possamos dizer que conhecemos bem quantas e quais as espécies que ocorrem no Brasil. Não devemos e não podemos esperar tanto.
É cada vez mais clara a importância da manutenção da biodiversidade, tanto para o bem estar humano quanto para o clima do planeta, e o papel ecológico e funcional que os morcegos desempenham mostra-se essencial para manutenção da qualidade do ambiente onde vivemos.
Apesar da enorme importância ecológica e econômica, morcegos infelizmente gozam de uma péssima imagem junto à população em geral. Injustamente, eles são acusados de serem pragas, de provocarem a morte de quem os toca, ou mesmo de trazerem azar. Por preconceito e desinformação, morcegos são perseguidos e mortos indiscriminadamente. As consequências são ruins para os animais e para o ambiente e há espécies de morcegos ameaçadas de extinção no Brasil e no mundo.
Por meio de iniciativas de conservação, pesquisa e educação, durante o Ano Internacional do Morcego, a população do Brasil e do mundo poderá conhecer um pouco mais sobre estes fascinantes, importantes e mal compreendidos animais.
Por: Enrico Bernard.
sexta-feira
2011: O Ano Internacional do Morcego
às 9:06 PM
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