Dois cientistas americanos cotejaram uma massa impressionante de dados para mostrar que o embate entre cobras e primatas ajudou a moldar a evolução humana.
A situação é mais complicada do que o clichê ofídios malvados, humanos picados. O estudo, na revista PNAS, sugere que as serpentes interagem de três jeitos com primatas como nós: como predadoras, competidoras e presas.
A hipótese é de Thomas Headland, do Summer Institute of Linguistics, e Harry Greene, da Universidade Cornell. Headland, antropólogo, reuniu relatos do povo agta, caçadores-coletores das Filipinas que, nos anos 1970, ainda tinham estilo de vida parecido com o dos primeiros Homo sapiens.Um dos vizinhos dos agtas é a píton-reticulada, cujas fêmeas ultrapassam os sete metros e têm quase 100 kg. Mais de um quarto dos homens agtas foi atacado pelos répteis ao longo da vida.
As pítons se banqueteiam com animais caçados pelos agtas, como porcos-selvagens. E, quando podem, os caçadores-coletores devolvem a gentileza, comendo as serpentes. A situação é a mesma com primatas não humanos. Dezenas de espécies do nosso grupo de mamíferos são comidas por cobras e também devoram serpentes quando têm chance, além de capturar animais que fazem parte do menu dos ofídios.
Para os pesquisadores, isso indica que a interação com esses répteis foi importante na evolução humana. Não duvido que haja uma herança genética que explique a interação entre primatas e serpentes, mas, no caso da nossa espécie, acredito que o fator cultural prevaleça, em especial a ignorância sobre elas, diz Henrique Caldeira Costa, da Universidade Federal de Viçosa.
O especialista em répteis lembra que não há comprovação de mortes causadas por sucuris, maiores cobras brasileiras. É possível que uma sucuri devore um humano? Sim, mas o risco é pequeno.
Por: Folhapress.
quarta-feira
Cobras ajudaram a moldar evolução do homem, diz estudo
às 7:43 PM
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